Com ajuda de Eike, cresce pressão para saída de Agnelli. Planalto nega audiência a executivo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comanda, nos bastidores, uma ofensiva para desestabilizar o executivo Roger Agnelli na presidência da Vale, a maior empresa privada do Brasil.
Nos últimos 15 dias, ele deu sinal verde aos fundos de pensão estatais sócios da mineradora e à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para publicamente cobrar e criticar a gestão da empresa.
A estratégia foi reforçada com a adesão cuidadosamente pensada do empresário Eike Batista.
Estimulado por Lula, o dono do grupo EBX deu entrevistas contundentes no fim de semana atacando as escolhas de Agnelli — que, ontem, viajou às pressas a Brasília para tentar uma audiência com Lula, que lhe foi negada.
O Palácio do Planalto alegou que a agenda do presidente da República estava lotada.
No núcleo do governo, a percepção é que Agnelli ficou muito preocupado com as investidas de Eike.
A avaliação reservada é que isto é positivo, pois, mesmo que não resulte na saída de Agnelli, pressiona o atual comando da Vale a retomar uma atuação mais afinada com os objetivos da União. Por isso, não existe articulação oficial ainda sobre nomes para substituir o executivo.
— O Roger Agnelli começou a correr atrás do prejuízo — resumiu um interlocutor do presidente Lula.
Desde o início do ano, quando a companhia foi fortemente afetada pela retração da economia mundial, Lula questionou — até mesmo publicamente — a estratégia da Vale para escapar da crise.
A demissão de cerca de quatro mil funcionários sem comunicação prévia ao governo, em fevereiro, foi a primeira fonte de descontentamento.
A segunda foi o pé no freio em investimentos domésticos de longo prazo, como o Pólo Siderúrgico de Marabá, avaliado em US$ 5 bilhões e que deixaria a empresa menos dependente da comercialização de matéria-prima. O projeto permitiria maior valor agregado à produção da Vale, ao entregar aço. (O Globo).
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
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