segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dilma acompanha Círio e cumpre agenda política

Dilma Rousseff, entre Ana Júlia e o ministro Alexandre Padilha

Em Belém, para acompanhar o Círio de Nazaré, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, aproveitou para trabalhar no projeto de reaproximar, no Pará, PT e PMDB, os dois principais partidos que o Palácio do Planalto sonha reunir em torno da candidatura de Dilma à presidência da República.

Cautelosa, a ministra disse respeitar as realidades locais e chegou a afirmar que não meteria a “colher de pau” onde não devia. Mesmo assim, nas menos de 24 horas em que passou na capital paraense, Dilma não parou de trabalhar para apaziguar os ânimos. Todo esse esforço tem uma razão: as alianças nos Estados são vistas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como fundamentais para a estratégia nacional de contar com o apoio do PMDB na eleição do ano que vem.

O principal evento da agenda política da ministra em Belém foi um jantar oferecido no Hangar -Centro de Convenções- para os presidentes do PT, PMDB e de outros sete partidos que compõem a base de apoio ao governo Ana Júlia Carepa.

O jantar reuniu Newton Miranda, presidente do PC do B, o vereador e pastor Raul Batista (PRB), o vice-prefeito Anivaldo Vale (PR), o deputado estadual Luís Cunha (PDT), o vereador Ademir Andrade (PSB), o deputado federal Gerson Peres e o prefeito de Belém, Duciomar Costa, que comanda o PTB. Dos partidos aliados, o PV da ministra Marina Silva, também pré-candidata à presidência da República, não atendeu ao chamado de Dilma. O PSC, do deputado Zequinha Marinho, também esteve ausente - assim como o presidente da Assembleia Legislativa, Domingos Juvenil (PMDB).

Num gesto que o governo entendeu como “de muita boa vontade”, o PMDB compareceu em peso. Além do presidente do partido, deputado federal Jader Barbalho, estavam a deputada Elcione Barbalho e o prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho. “Todos os partidos manifestaram a importância de uma aliança em nível nacional”, disse Dilma, reforçando que a ideia é buscar caminhos para que essa aliança se repita aqui.

Do jantar saiu a certeza de que o PMDB do Pará tende a apoiar a candidatura de Dilma, mas ainda não decidiu quanto ao apoio à reeleição de Ana Júlia Carepa. A ministra disse considerar a presença dessas lideranças no jantar com a governadora, na véspera do Círio, o Natal dos paraenses, “uma demonstração de força política do governo”.

O jantar do sábado começou por volta das 21h e só terminou nas primeiras horas do domingo. No cardápio, pato no tucupi, filé e camarão. A ministra começou pelo prato regional. Todos os presidentes de partido fizeram discursos, a maioria de apoio à candidatura de Dilma, que estava acompanhada do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Indagada sobre as rusgas entre PT e PMDB no Pará, a ministra demonstrou estar fazendo o dever de casa com o presidente Lula e usou a resposta para afagar o aliado em potencial. “Uma coligação partidária precisa de tempo. Estigmatizam o PMDB dizendo que o partido quer isso, quer aquilo. Ou se governa junto ou não se governa”. Para Dilma, o jantar foi a oportunidade para “assistir o processo de construção” da aliança. “Saio daqui extremamente otimista”.

AFAGOS
O deputado Luis Cunha, do PDT, que já fechou apoio à reeleição de Ana Júlia contou que o grupo do PMDB acabou sendo a grande estrela da noite, alvo de todos os afagos. “A ministra citou três vezes o nome do deputado Jader”, contou o deputado afirmando que pelo tom dos discursos, deixou o Hangar confiante de que a aliança do PT com o PMDB no Pará ainda é possível.

Em entrevista coletiva concedida no domingo, logo após a passagem da berlinda no palanque montado em frente à Companhia Docas do Pará, a governadora Ana Júlia Carepa também disse estar otimista. “O espírito de fraternidade e solidariedade do Círio ajuda para dialogarmos melhor”, afirmou Ana Júlia, dizendo que hoje “o PMDB tem uma fatia significativa do governo”. De acordo com a governadora, o partido controla dois terços das obras do Programa de Aceleração do Crescimento no Pará.

Ana Júlia disse também que o PT já amadureceu para entender que precisa de parceiros para governar. “Juntos, podemos fazer mais”. O ministro Alexandre Padilha reforçou que a ideia é reeditar a aliança que ajudou a eleger Ana Júlia em 2006, mas disse que, desta vez, a estratégia deve ser diferente. “Queremos sair juntos, desde o começo, desde o primeiro turno”.

Ministra diz que Pará poderá ter refinarias com o pré-sal
Esbanjando simpatia, a ministra Dilma Rousseff deu à viagem a Belém o tom de campanha eleitoral. Distribuiu sorrisos e acenos aos romeiros que passavam em frente ao prédio da CDP de onde assistiu à passagem da berlinda, acompanhada da governadora Ana Júlia Carepa, do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, do prefeito de Belém, Duciomar Costa e de parlamentares do PT.

No momento em que a corda passava em frente ao palanque, a multidão acabou ocupando a entrada do prédio da CDP. A ministra não viu a confusão ao lado, mas ao ver crianças chorando no meio do sufoco próximo à corda, ajudou a carregá-las para o palanque.

Na entrevista aos jornalistas, a ministra disse ter ficado comovida com os pagadores de promessa. Contou ter falado com romeiros que carregavam casas de madeira na cabeça e aproveitou para falar de um dos programas do governo Lula. “Estou muito satisfeita por termos feito o programa Minha Casa, Minha Vida. A casa é um lugar fundamental. O governo está no caminho certo”.

De acordo com a ministra, o presidente Lula foi um dos governos federais que mais investiu no Pará. Citou Belo Monte, as eclusas de Tucuruí e programas de saneamento que serão desenvolvidos em parceria com a Prefeitura de Belém.

A ministra creditou também na conta do governo, os investimentos que serão feitos pela Vale em uma siderúrgica em Marabá, sul do Estado. Segundo ela, o presidente Lula tem sido o grande responsável pela pressão para que a Vale não apenas retire minério do Pará, mas que agregue valor.

Citando um de seus temas prediletos, Dilma afirmou que os paraenses também poderão se beneficiar do pré-sal. “No caso do Pará, o Estado pode vir a ter

refinarias e estaleiros para criar rede de fornecedores para a indústria petrolífera. Não é possível falar do desenvolvimento do Brasil sem colocar o Pará no centro dessa conversa”.

Governadora distribuiu água a romeiros
O palanque montado em frente ao prédio da Companhia Docas do Pará foi o ponto de encontro das autoridades do Estado durante o 217º Círio. Dilma Rousseff era a grande estrela do local, assediada por jornalistas, mas não chegou a causar comoção na multidão que passava embevecida pela imagem da Virgem de Nazaré. Dizendo ter ficado estarrecida com a imagem do Círio, a ministra contou ter vivido ontem “uma experiência única”. “Hoje, eu conheci a alma do Pará”.

Embora afirmando ter feito um pedido à santa, Dilma - que acaba de vencer um câncer - disse que manteria segredo sobre o que pediu.

Após a partida de Dilma, a governadora e parte do secretariado continuaram acompanhando a procissão no Centro Integrado de Governo (CIG), na avenida Nazaré. Dessa vez, a governadora dispensou o palanque e ficou próximo à calçada, distribuindo água aos romeiros. Assessores corriam de um lado para outro com caixas de água que eram entregues à Ana Júlia e depois aos romeiros. Muitos paravam para tirar fotos. O chefe da casa Civil, Cláudio Puty, e o secretário de Cultura, Edilson Moura, estavam entre os que acompanhavam Ana Júlia, mas apenas a governadora fazia a distribuição de água. (Diário do Pará)

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