Sem apoio dos diretórios do partido em 19 unidades federativas e preterido na disputa por alianças, o deputado se vê obrigado a jogar a toalha na corrida pelo Palácio do Planalto
Oficialmente, o PSB ainda não declarou que Ciro Gomes está fora da disputa presidencial, mas, nos bastidores, o discurso é um só: o partido não deseja uma aventura sem dinheiro nem alianças em que falta até mesmo o apoio dos próprios socialistas. Apenas oito dos 27 diretórios estaduais do PSB estão hoje com a candidatura de Ciro para o que der e vier (veja quadro) e não impõem condições, como alianças, por exemplo. Nos outros 19, os socialistas ou só desejam a candidatura se houver a parceria de outros partidos ou já organizaram projetos eleitorais ao lado dos petistas e preferem ver o PSB na campanha de Dilma Rousseff, para não serem obrigados a separar os palanques. O próprio irmão de Ciro, o governador do Ceará, Cid Gomes, chegou a cometer um ato falho ontem ao sair da reunião com Lula e comentar o futuro de Ciro: “Ele estava…, está no projeto presidencial…”
Esse quadro dos estados (1)foi apresentado ontem a Ciro numa conversa de duas horas com o presidente do PSB, Eduardo Campos, e o vice, Roberto Amaral. Para despistar os jornalistas, o cenário para o encontro foi o escritório da Alcântara Ciclone Space, no Edifício Corporate, do Setor Comercial Norte. Ali, eles avaliaram prós e contras de uma candidatura. Amaral, por exemplo, lembrou que em 2002 o partido era menor e tinha menos estrutura do que tem hoje. Ainda assim, o PSB teve candidato à Presidência da República (Anthony Garotinho, hoje no PR) e obteve 15% dos votos, pouco atrás de José Serra (PSDB).
Da mesma forma que falaram da valentia do PSB em 2002, lembraram que, há oito anos, o PSB não tinha tantos candidatos a governador. Hoje são 11: Eduardo Campos (PE), Cid Gomes (CE), Iberê Ferreira (RN), Wilson Martins (PI), Camilo Capiberibe (AP), Serafim Corrêa (AM), Paulo Skaf (SP), Renato Casagrande (ES) e Beto Albuquerque (RS). Também não tinha tantos projetos de eleger senadores e deputados federais e estaduais. “Não há nenhum caso de disputa direta com o PT. O PSB em alguns estados não tem como ter chapa de deputado sozinho, precisa de alianças”, comentou Eduardo Campos.
1 - Inconveniente para articulações
É justamente a situação nos estados que irá tirar Ciro oficialmente do páreo no dia 27. No DF, por exemplo, a tendência é ficar contra a candidatura. O deputado Rodrigo Rollemberg é um dos nomes para o Senado na chapa que terá Agnelo Queiroz (PT) como candidato ao governo. Mesma situação vive o PSB de Sergipe, em que Antonio Carlos Valadares será candidato a senador ao lado do governador Marcelo Déda, (PT) e da Bahia, em que a deputada Lídice da Mata desponta como promessa para uma das vagas ao Senado na chapa de Jaques Wagner (PT) à reeleição. (Correio Braziliense)
sexta-feira, 23 de abril de 2010
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