Em busca de diversificação para seus investimentos em um cenário de juros baixos, a Valia, fundo de pensão dos funcionários da Vale, estuda dobrar a participação de fundos de private equity e venture capital em sua carteira. Segundo o diretor de investimentos da fundação, Maurício da Rocha Wanderley, atualmente esta fatia é de 2,5% do patrimônio total de R$ 12,5 bilhões, mas deve chegar a 5% no longo prazo.
De acordo com o executivo, não existe uma data determinada para o cumprimento desta meta. “Temos interesse em investir por meio de Fundos de Investimentos em Participações (FIP) no setor de infraestrutura. A necessidade de investimentos será enorme devido aos planos de Copa do Mundo, Olimpíadas e pré-sal”, afirmou à Agência Estado.
Atualmente, a fundação tem participação em seis FIPs setoriais que atuam em infraestrutura, saneamento, energia e tecnologia. Um destes fundos é o InfraBrasil, administrado pelo Banco Real, que será um importante veículo para os aportes em infraestrutura. A possibilidade de investir na usina hidrelétrica de Belo Monte não está na mesa do fundo de pensão devido ao seu porte pequeno em comparação com as necessidades de investimentos do projeto.
Segundo Wanderley, a intenção da Valia é se ater a investimentos em infraestrutura via FIPs, que também são de porte pequeno para este tipo de empreendimento. Para garantir sua rentabilidade mesmo com a menor atratividade da renda fixa, a fundação reforçou sua posição em renda variável. Antes da crise, a participação deste tipo de aplicação era de 25% em sua carteira, mas agora está próxima de 35%.
De acordo com o executivo, a Valia aproveitou os tempos de crise para comprar papéis a preços atraentes. Esta estratégia elevou as aplicações em renda variável em R$ 700 milhões. As principais empresas em que a fundação é acionista são Vale, BRF Brasil Foods, BR Malls e Dasa. A partir de agora, a intenção é manter esta participação em 35% no máximo. Na renda fixa, a Valia tem migrado seus títulos atrelados a juros para títulos atrelados a índices de preço, afirma Wanderley.
Segundo ele, 80% da renda fixa já está atrelada à inflação em seu portfólio. Outra frente da estratégia do fundo de pensão é investir diretamente em imóveis, especialmente escritórios comerciais, para se proteger contra a inflação. No ano passado, a empresa comprou metade de uma das três torres de escritórios comerciais no Conjunto Cidade Jardim, em São Paulo.
Apesar de a nova regulação do setor, anunciada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em setembro do ano passado, permitir uma exposição maior ao mercado externo (o limite passou de 3% para 10%), a Valia ainda não tem planos concretos de investir no exterior. De acordo com o diretor de investimentos, existem muitas oportunidades para aproveitar no Brasil. Mesmo assim, ele acredita que este tipo de aplicação tende a crescer no longo prazo.
“As fundações estão buscando maior risco porque a taxa de juros deve ficar cada vez menos atraente”, disse. Ele prevê que a Valia conseguirá atingir sua meta atuarial neste ano, que é de INPC mais 6%. Segundo ele, o cenário promissor da economia brasileira está permitindo que os fundos de pensão realizem esta transição em busca de maior risco de uma forma “tranquila”. (Agência Estado)
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