terça-feira, 27 de abril de 2010

VALE DISPENSA ÁGUA EM NOVOS PROJETOS NA MINA CARAJÁS EM PARAUAPEBAS

Com 8 linhas de peneiramento a seco em Carajás, a Vale está eliminando o uso anual de 19,7 milhões de metros cúbicos de água

Sinal da "mineração do futuro" apontada pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, durante seminário organizado pelo Brasil Econômico, a mineradora está revendo projetos previstos para sua mina de Carajás.

A mudança ocorre em função da perspectiva apresentada por Agnelli sobre a intenção da Vale de fazer o processamento mineral a seco - com a eliminação do uso da água, utilizando a própria umidade do minério para peneirar o insumo, com a consequente redução dos polêmicos dejetos (sobras mineirais) em barragens.

"Projetos que já estavam com a rota tradicional de beneficiamento definida (com uso de água para a separação do minério fino do grosso, o chamado peneiramento) voltaram para a prancheta. Será introduzida a técnica de peneiramento à umidade natural do minério", diz o engenheiro de ferrosos José Anselmo Campos.

O processamento a seco marca o sucesso de investida iniciada em 2008 pela empresa, envolvendo a limpeza de grãos de minério em sua maior mina - Carajás responde pela produção diária de 300 mil toneladas do insumo siderúrgico e cerca de 36% de todo minério vendido anualmente pela mineradora. Hoje, entre 50% e 80% do montante diário é processado sem o uso de água.

Inovação de peso para o setor, comemorada como uma revolução de engenharia. "A literatura especializada dizia que o peneiramento de minério sem água seria crítico ou inviável", diz Campos.

Segundo o engenheiro, a inovação foi conseguida graças ao desenvolvimento de uma nova tecnologia de procedimento. Ao invés de introduzir água para facilitar a separação de minério, o novo processo permite utilizar a umidade natural do mineral bruto. A separação do insumo fino do grosso acontece a partir da aceleração da velocidade de peneiramento.

Novidade que exigiu estudo apurado para minimizar a pressão exercida pela força da gravidade. "O projeto quebrou uma série de paradigmas da indústria mineral. Os fornecedores tiveram que mudar a forma de pensar. Foi preciso fazer um reforço estrutural nas máquinas com um sistema de rolamentos para aumentar a durabilidade do equipamento, que trabalha em condições muito severas de aceleração", afirma Campos.

Simplificando a eficiência
O desafio foi experimentar novos tipos de materiais para fabricar peneiras antes feitas somente de metal. O material agora é produzido de poliuretano e borracha.

As peças também receberam furos diferenciados para granular o minério sinter feed, cuja proporção varia entre 0,12 e 0,15 milímetros (mm) - granulação superior ao ultrafino pellet feed, com dimensão inferior a 0,12 mm.

"Tivemos que alterar alguns parâmetros operacionais das máquinas. Também desenvolvemos acessórios que não existiam no mercado, como barras cilíndricas e retangulares para auxiliar o peneiramento."

A alteração rendeu índice de eficiência global de equipamentos 4,8% superior ao processamento à base de água, conforme parâmetros definidos pela Vale. Como resultado, cada uma das oitos linhas de peneiramento a seco de Carajás consegue produzir diariamente mil toneladas a mais do que as nove linhas à água.

Campos aponta como positivos os ganhos ambientais de Carajás. "Os novos projetos não terão mais barragem de rejeito. Isso é fantástico, porque recupera o minério (antes alocado nas barragens, que agora pode ser processado com granulação maior), reduz o consumo de energia e de água." (Brasil Econômico)

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