O preço do minério de ferro no mercado à vista (spot) começou o ano em alta, reforçando as expectativas de que os contratos anuais subirão em 2010. Hoje, o insumo à vista atingiu US$ 128 por tonelada, avanço de 7,5% ante os US$ 119 por tonelada registrados na última semana.
O preço está subindo desde outubro do ano passado, quando a commodity estava cotada em cerca de US$ 90 por tonelada. Este movimento ajuda a impulsionar hoje os papéis da Vale na Bolsa. Por volta das 16h19, as ações preferenciais da mineradora subiam 2,02%, ante alta de 0,59% do Ibovespa.
As ações ordinárias subiam 1,50%. O valor do minério à vista está 81% mais caro do que os contratos vigentes de fornecimento do insumo, segundo relatório divulgado hoje pelo Deutsche Bank. “Existe um diferencial de preço de US$ 45 por tonelada entre o benchmark (contrato) e o spot”, informou o banco.
Os contratos de minério são anuais, e devem ser renegociados até abril deste ano. Segundo cálculos do Merrill Lynch, este diferencial de preço atualmente é de 72%, cerca de 15% mais alto do que a estimativa inicial do banco. Por meio de relatório, os analistas do Merrill Lynch informaram que o preço do minério à vista subiu 17,6% em dezembro, impulsionado
também pelo aumento da taxa de exportação da Índia, apesar da queda de 33,5% nos preços do frete entre Brasil e China para US$ 27,25 por tonelada.
O movimento de alta sustenta as previsões de que os contratos anuais de minério devem subir em 2010. O consenso de mercado aponta para uma majoração de 20%. De acordo com analistas, o preço à vista costuma balizar as negociações para definir os valores dos contratos anuais porque é um termômetro que indica a relação entre oferta e demanda.
“A alta do spot gera confiança de que um aumento 15% a 20% no preço dos contratos deve ocorrer”, disse o analista do banco Sicredi, Carlos Kochenborger. Em sua opinião, este será um argumento forte a ser usado pelas mineradoras durante a negociação com seus clientes para definir os contratos anuais.
Apesar do otimismo, ele destacou que regiões como Europa e Estados Unidos não estão crescendo tão rápido quanto a China, o que deve conter aumentos superiores a 20% em 2010. Em seu relatório, o Deutsche Bank afirmou que a Vale está em uma posição muito “positiva” nas negociações devido às taxas de frete mais baratas projetadas para o ano e pela expectativa de aumento de 10% na produção mundial de aço no período.
Segundo o Merrill Lynch, existe chance de que sua previsão de alta de 15% no preço do minério em 2010 seja superada. “Cada aumento de 10% no preço da commodity elevaria o Ebitda da Vale em US$ 1,2 bilhão”, informou. O banco projeta Ebitda anual de US$ 16,4 bilhões para a companhia neste ano.
Em dezembro, as exportações de minério de ferro do Brasil cresceram 10,4% ante o mês anterior, para 24,2 milhões de toneladas. Segundo o Merrill Lynch, muitos investidores estavam preocupados com a queda de 14,5% em novembro. Em 2009, as exportações caíram apenas 5,5% para 266 milhões de toneladas ante o ano anterior. As exportações 50% maiores para a China praticamente compensaram a queda de 40% dos embarques para as demais regiões.
“Acreditamos que as vendas brasileiras ao exterior podem crescer pelo menos 20% em 2010″, informou o Merrill Lynch. A Vale prevê operar neste ano em plena capacidade, que significa produzir cerca de 300 milhões de toneladas.
A retomada da demanda pelo insumo e a ausência de novos projetos de expansão devem gerar um déficit de 15 milhões a 50 milhões de toneladas da commodity neste ano, segundo analistas.
Em entrevista recente, o presidente da empresa, Roger Agnelli, declarou que poderá faltar minério de alta qualidade no mundo neste ano. “Se precisar e faltar, vai ter que pagar”, afirmou na ocasião. (Agência Estado)
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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