quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Parceria entre governo e mineradora prevê a criação de 3 mil postos de trabalho

Dirigentes da Mineração Buritirama apresentaram o projeto da empresa à governadora e propuseram parcerias para baratear custos de exploração e exportação do manganês

Dirigentes da empresa exploradora de manganês Mineração Buritirama S.A., localizada no sudoeste do Pará, apresentaram na noite desta quarta-feira (20), em audiência no Palácio dos Despachos com a governadora Ana Júlia Carepa, o projeto da mineradora e propuseram parcerias com o Governo do Estado, a fim de baratear os custos de exploração e exportação do manganês, e ainda de fomentar a criação de novos postos de trabalho, a partir das adequações que a empresa necessita passar.

"Com o fechamento da parceria com o Governo do Estado, teremos uma movimentação nas cidades próximas da empresa, o que pode gerar mais de 3 mil novos empregos, diretos e indiretos", disse Ricardo Dequech, diretor superintendente da Mineração Buritirama, à governadora.

De acordo com Dequech, "a ideia é verticalizar o projeto, ou seja, não ser apenas um produtor de manganês, mas trazer indústrias, principalmente, na área da metalurgia para o Estado, e ainda expandir a utilização do manganês em outras formas, como o eletrolítico, que é usado para produção de pilhas, ração animal e para agricultura".

Em uma primeira fase, seria instalado um porto específico para o embarque de manganês em Vila do Conde e, em seguida, seriam construídas fábricas em Marabá e Breu Branco para o beneficiamento do minério. "Obras estas que irão gerar de 2,5 a 3 mil novos empregos ao Pará, com investimento total da Buritirama na ordem de R$ 300 milhões", garantiu o diretor superintendente da mineradora. Participaram ainda da audiência o diretor de operações da Buritirama, José Fernando Garcia, e o gerente técnico, Luis Antônio Lacombe.

Diante das propostas, a governadora não vê impedimentos em apoiar este empreendimento, pois, segundo ela, a mineradora está indo ao encontro daquilo que o governo do Pará tem incentivado, que é a verticalização da produção mineral. E ainda reforça a ação concreta de governo, que é atrair investimentos que possam gerar emprego e transformar o minério paraense em renda, desenvolvimento e oportunidades. "A vinda de mais uma indústria para essa região, que se reafirma como grande polo metal-mecânico, é importante. Desde que use os recursos naturais de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e compensando todos os impactos socioambientais que possam ter na região", apontou Ana Júlia.

Asfalto - Atualmente, a carga precisa percorrer uma estrada de 140 quilômetros, de terra batida, até Marabá e, em seguida, mais 470 quilômetros de rodovias asfaltadas até chegar em Vila do Conde, de onde o produto é exportado via marítima. Isso representa, na prática, uma reserva de 70% para bancar os custos com transporte, o que acaba refletindo no valor final do produto.

Maurílio Monteiro, secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), que participou conjuntamente da audiência com a Anibal Picanço, titular da secretaria de Meio Ambiente (Sema), diante do pedido de asfaltamento do trecho, propôs que seja feita uma parceria entre os governos federal, estadual, prefeitura de Marabá e a própria mineradora para a viabilização da pavimentação asfáltica, uma vez que as obras de drenagem e terraplenagem já foram executadas. "É uma obra importante não só para a empresa, mas como também para a população que mora nos arredores e também faz uso desse trecho", disse Maurílio.

Meio ambiente - Outro entrave encontrado pela empresa é quanto à necessidade de realizar as obras de compensação ambiental. "Precisamos reflorestar 10 mil hectares de eucalipto, em uma área de até 100 quilômetros distante da fábrica. E, por reconhecer a potencialidade do governo em desenvolver ações voltadas ao meio ambiente, é que propomos esta parceria", afirmou Dequech.

Ana Júlia se antecipou e garantiu total apoio do Governo do Estado. "Quando recebemos propostas que vêm ao encontro das políticas do nosso governo e, como essa que ainda preza pela recomposição do meio ambiente, torna-se impossível não participar". O pedido da mineradora será incluído no programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia, que prevê o fomento ao plantio de árvores em todo o Pará. "Podem começar a preparar as mudas!", avisou a governadora.

Energia - "Não adianta ter o minério de mais alto teor se não conseguimos baratear os custos por conta da tarifa energética", disse Roberto. "A solução seria fechar contrato com empresas fornecedoras de energia elétrica com preços mais competitivos", completou ele.

Uma das propostas surgidas foi da Mineração Buritirama S.A. se inscrever no edital da Usina de Belo Monte, o qual contempla a lógica do beneficiamento de energia para os autoprodutores, o que significa assegurar uma reserva de energia para que seja aplicada na produção paraense. "Não podemos apenas fazer energia para que os outros Estados se beneficiem. Quando sugeri a lógica dos autoprodutores, foi exatamente pensando em deixar os dividendos da usina também para os paraenses, para aqueles que têm interesse em investir na produção industrial", frisou Ana Júlia.

Nova visão - Cidades que recebem grandes projetos, como as mineradoras, são estigmatizadas por herdarem apenas as conseqüências ruins destes projetos, como crateras no solo, desmatamento, entre outros, sem deixar os dividendos positivos para a população local. Observando esse movimento e, propondo uma mudança de pensamento e de ação, o Governo Popular tomou como princípio orientar as empresas de que, ao contratarem mão-de-obra para seus empreendimentos, exijam documentos dos trabalhadores que comprovem residência, em qualquer município do Pará, pelo período mínimo de dois anos.

"Faço um esforço grande para atrair tantos investimentos externos que não posso permitir que nossa mão-de-obra não seja contratada para trabalhar nessas grandes obras. Fiz essa recomendação à Vale e continuarei fazendo para todas as empresas que quiserem extrair riquezas do Pará. É preciso haver limites e bom senso no momento da contratação; por isso, continuarei defendendo os postos de trabalho para os paraenses", garantiu Ana Júlia. (Secom)

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