terça-feira, 15 de junho de 2010

Agnelli diz que aumento do minério de ferro não influi na inflação e alerta sobre tarifas

O presidente da Vale, Roger Agnelli, em entrevista à imprensa. Foto: AB)

SÃO PAULO - Saído de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Vale (VALE3, VALE5), Roger Agnelli, refutou avaliações que creditam o avanço da inflação ao aumento do minério de ferro. "Se tiver causando inflação, é mais para fora. Não é aqui", disse o executivo, aludindo ao montante exportado pela mineradora.

Agnelli também demonstrou preocupação com a possibilidade de uma eventual redução da tarifa de importação de aço pelo governo como forma de combater a aceleração da inflação.

"Esses movimentos de impostos ou subindo ou descendo, principalmente na questão de competitividade e principalmente na questão de posicionamento do Brasil no mundo inteiro, podem gerar graves consequências. Isso tem que ser avaliado e analisado com muita cautela", afirmou a jornalistas.

Metodologia
O presidente da maior mineradora brasileira disse acreditar que o problema está na metodologia do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), que estaria dando uma ênfase exagerada ao minério de ferro em seu cálculo. De acordo com Agnelli, o índice considera que todo o minério de ferro produzido pela Vale é vendido no Brasil, enquanto que na realidade isso só ocorre com 10% da produção da companhia.

Vale ressaltar que o indicador referente ao primeiro decêndio de junho, divulgado nesta sexta-feira (11) apontou inflação de 2,21%, após registrar variação positiva de 0,47% no mesmo período de maio, ficando bem acima da expectativa do mercado, que apontava pra um avanço de 0,9%.

"Dizer que o IGP-M é índice de inflação, não é", avaliou o Agnelli, que revelou que tem conversado com a Fundação Getulio Vargas sobre a metodologia usado no cálculo do indicador. "(O IGP-M) é índice de preço e não reflete a inflação para o consumidor nem o preço para as pessoas. Agora dizer que o minério influiu na inflação significa dizer que o minério influencia no preço de aluguel, e não tem nada a ver uma coisa com a outra. Os contratos de aluguel poderão ser influenciados lá na frente pelo IGP-M de hoje, o que é cruel. Esse índice está distorcido por uma metodologia que talvez não reflita o atual ambiente econômico brasileiro", completou.

Atualmente, o indicador é calculado com base em três outros índices que tem diferentes pesos em sua matriz de cálculo: o Índice de Preços ao Consumidor (IPC - peso de 30%), Índice de Preços no Atacado (IPA - peso de 60%) e Índice Nacional de Custo da Construção (INCC - peso de 10%).

Balança comercial
Fazendo uma contraposição às criticas, o executivo exaltou o efeito benéfico das exportações da mineradora sobre a balança comercial brasileira.

"No começo do ano existia uma expectativa de que balança comercial brasileira seria muito pequena. Com o aumento do minério nós mudamos a expectativa da balança comercial brasileira", defendeu Agnelli, afirmando que a companhia trouxe dólares para o País.

"Ou você traz mais caixa, mais dólares para o Brasil poder importar, subir o padrão de vida interno ou você administra de alguma forma a inflação, mas inflação não é IGP-M, é IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) e o IPCA está lá embaixo, e boa parte em função do dólar que está sob controle, porque a cesta básica é bem afetada pelo dólar", disse, por fim, o presidente da mineradora. (InfoMoney)

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