sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Projeto mineral vai gerar mais de 3.500 empregos

Até 2013, quando entrar em operação, a reserva de 500 milhões de toneladas de níquel de classe mundial, descoberta em São Félix do Xingu, no sul do Pará, fará o Estado dar um salto gigantesco na produção e exportação de níquel sulfetado- usado como componente principal na fabricação de aço inoxidável. A mineradora Anglo American, que adquiriu no ano passado o direito de prospecção da megajazida da canadense Inco, prevê investimentos de R$ 9,4 bilhões e geração de mais de 3.500 empregos. O Projeto Jacaré já consumiu R$ 23 milhões somente com pesquisas e terá vida útil de 49 anos.

A megajazida de níquel paraense, a maior da América Latina, deve despertar o interesse dos compradores internacionais. O preço da tonelada do minério, que já chegou a alcançar U$$ 50 mil, antes da crise econômica, despencou para U$$ 10 mil no começo do ano, mas em junho passado começou a esboçar recuperação: foi cotado a U$$ 15 mil e até o começo de setembro havia subido para U$$ 16 mil na Bolsa de Metais de Londres.

A Anglo American espera que, nos próximos oito meses, o estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto esteja concluído. Depois disso, a etapa de construção da base física. Hoje, no país, a empresa mantém a reserva de níquel Barro Alto, em Goiás, com 116,2 milhões de toneladas, bem menor que a paraense. A jazida goiana começará a ser explorada no primeiro semestre de 2010.

A 150 km do morro do Jacaré, uma região cercada de florestas e rios em São Félix do Xingu, já funciona um outro projeto de extração de níquel, o de Onça Puma, pertencente à Vale, em Ourilândia do Norte. O que chama a atenção no morro do Jacaré é a altíssima qualidade do níquel e sua diversidade mineral. Por conta disso, as novas rotas tecnológicas apontam para o aproveitamento do níquel na área da hidrometalurgia, uma novidade no Brasil, que atualmente utiliza somente a pirometalurgia, ou seja, o uso de altas temperaturas para a obtenção do metal.

GRANDE PRODUTOR
Geólogo, o deputado Gabriel Guerreiro, sentencia: “este projeto, definitivamente, coloca o Pará como um grande produtor de níquel a nível mundial. A jazida do Jacaré tem minérios sulfetados e esse é o grande diferencial paraense na exploração do projeto. O mundo inteiro produz níquel a partir de minério sulfetado. Nós desenvolvemos tecnologia para explorar níquel aqui e nas áreas tropicais a partir de hidróxido, de garnerita, um mineral de superfície”.

>> Projeto terá produção de 100 mil toneladas por ano
A jazida do morro do Jacaré, segundo Gabriel Guerreiro, é de porte mundial e com minério do mesmo tipo do produzido no Canadá, um dos maiores produtores de níquel do mundo. “O Brasil caminha para uma nova fase nesse tipo de exploração. Além disso, a dimensão das jazidas é significativa, porque só ela responde por uma produção mais ou menos igual à de Onça Puma e Vermelho juntas. É uma grandeza de produção de 100 mil toneladas por ano”, salienta.

A ocorrência de níquel no local já é conhecida há mais de 30 anos. Jacaré é uma serra do mesmo tipo de Onça Puma. São rochas básicas e ultrabásicas que produzem níquel na superfície. Isso mostra claramente o destino do Pará, que tem reservas hoje para serem exploradas nos próximos 100 anos. E não é só de níquel, mas também de ferro, alumínio e cobre. Guerreiro sempre reclamou de todos os governos que o Pará precisa ter uma instituição muito mais técnica, científica e econômica trabalhando em cima das questões minerais.

Essa instituição, para ele, precisa gerar competência específica e um interlocutor capaz de discutir em qualquer lugar do mundo a questão que envolve os bens minerais do Pará. “Não podemos continuar governando o Estado sem levar em consideração, hoje, a produção mineral, que representa 35% do nosso Produto Interno Bruto (PIB)”. Ele também reclama a formação de paraenses que sejam especialistas em cobre, níquel e ferro capazes de conhecer o mercado mundial.

A mineração não será a salvação do Estado, mas será uma grande alavanca, porque traz consigo enormes investimentos. (Diário do Pará).

Um comentário:

HENRIQUE GRABRIEL disse...

Quando sera a inplantação desse projeto na região