sábado, 19 de setembro de 2009

Pará tem um milhão de analfabetos

Na comunidade de Pitimandeua, distante 12 km do município de Castanhal, a aposentada Idelzira Sá dos Santos estuda com afinco ao lado de crianças que têm no máximo 12 anos. Com 65 anos, muitos dos colegas de sala nasceram das mãos dela. Depois de anos afastada dos bancos escolares, voltou a estudar. Está cursando a quarta série. O professor é um dos muitos cujo parto foi feito por ela. “Agora ele está me ajudando a nascer de novo”, afirma orgulhosa Idelzira.

A aposentada faz parte de um número cada vez maior de pessoas que decidiram se reconciliar com os estudos, depois de décadas afastadas das salas de aula. Idelzira é um exemplo de algumas das mudanças de comportamento que vêm ocorrendo na sociedade brasileira e na paraense.

segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres vêm buscando os bancos escolares com mais frequência que os homens. Divulgado ontem, o PNAD mostra que o Pará, mesmo a passos pequenos, vem melhorando em muitos índices, mas ainda precisa enfrentar – e vencer - as desigualdades que lhe cercam. Ainda há, por exemplo, um milhão de pessoas com mais de 10 anos que são analfabetas.

Outras mudanças: houve um aumento pequeno no número de pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas. O IBGE considera ocupadas as pessoas que têm algum tipo de atividade, mesmo que não seja oficialmente registrada. Em 2007, o índice de homens “ocupados” era de 69,1%. Em 2008, ano referência para a pesquisa, esse índice passou para 69,8%. De qualquer forma, é um percentual menor que o de 2004, que chegou a ser de 72,2%. Em 2007, havia um percentual de 42,5% de mulheres ocupadas. Ano passado esse índice aumentou pouco, passando a 43 %.

Há desigualdades fortes ainda entre o rendimento de homens e mulheres. No Pará, o rendimento médio mensal dos homens foi de R$ 857, 00. Já o das mulheres foi de R$ 634,00. “Essa desproporção tem um forte teor cultural e também pelo fato de que muitas mulheres trabalham como empregadas domésticas, o que puxa o índice para baixo”, diz o analista do IBGE, Luiz Cláudio Martins. Segundo a pesquisa, 15,3% das mulheres com ocupação estão inseridas no serviço doméstico. “O serviço doméstico e a construção civil são duas atividades que exemplificam bem as diferenças de gênero, por reunirem proporções muito diferentes de ocupados de acordo com o sexo”, diz o relatório do IBGE. (Diário do Pará)

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