Em entrevista exclusiva ao UOL Notícias nesta sexta-feira (18), o deputado federal pelo PSB do Ceará, Ciro Gomes, confirmou que pretende disputar o Planalto em 2010, mas afirmou que isso não depende de sua vontade apenas. “A (vontade) mais importante, que dará a palavra final, é do meu partido.” Ele disse ainda que prefere ser candidato à Presidência e que não tem mais vontade de ser deputado federal.
Ciro negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha lhe pedido para ser candidato ao governo de São Paulo. “O presidente Lula jamais, em tempo algum, me fez algum apelo com relação à candidatura ao governo de São Paulo ou à Presidência da República”, apontou. “Combinamos de seguir conversando e examinar a situação ali por fevereiro do ano que vem. E aí nessa circunstância que ele me pergunta se eu aceitaria transferir o domicílio eleitoral para São Paulo, mantendo as portas abertas e decidir, daqui, a candidatura à Presidência.” De acordo com ele, a decisão final sobre essa transferência vai depender de seu partido.
Ele criticou a aliança do PT com o PMDB. “A hegemonia moral e intelectual hoje que preside essa relação do PT com o PMDB, eu não gosto, acho frouxa, perigosa para o país. O Lula agüenta porque tem uma exuberância na relação popular, na sua liderança, mas nenhum outro de nós agüenta isso.” Ele fez questão de frisar, no entanto, que não tem “nada contra o PMDB”.
Ele negou que tenha dito que abriria mão de sua candidatura à Presidência, caso Aécio Neves (PSDB) fosse candidato. Para ele, as disputas no PSDB estão “fazendo mal ao país”.
Sobre o desempenho de ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) como pré-candidata à Presidência pelo PT, Ciro disse que ela “está aprendendo” a discursar em palanques. “Ela é muito brilhante, muito capaz, ela aprende rápido.”
Ciro apontou ainda que a mudança de partido de Marina Silva - do PT para o PV - não influenciou a decisão dele de disputar o Palácio do Planalto. Ele elogiou a concorrente e disse que ela “tem muito amor ao Brasil”.
O deputado federal também demonstrou sua afeição a Lula. Ele frisou a “genialidade que o Lula tem” e afirmou que o presidente “está fazendo muito bem ao Brasil”. “Estou aprendendo muito com ele”, disse.
Ciro elogiou ainda o Bolsa Família, que, para ele, reduziu a fome e a miséria no país, além de germinar uma economia local. Mas ele alertou que essa não pode ser a solução final para o problema e que o país não pode se acomodar. “O risco é sentar em cima, pois o que emancipa o país é o trabalho qualificado”. Em sua opinião, porém, Lula ainda “não sentou em cima”.
O possível candidato ao Planalto pelo PSB fez ainda diversas críticas ao governo do ex-presidente do Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a quem acusou, entre outras coisas, de aumentar a carga tributária, aumentar a dívida brasileira, sucatear as estradas e gerar o apagão energético. “E é a turma do Fernando Henrique Cardoso que vem para derrubar o Lula.”
Na opinião de Ciro, Lula não teve nenhuma responsabilidade sobre o mensalão. Os que foram acusados do caso é que devem ser os responsáveis, segundo ele. “Mas isso a Justiça julgará.”
Sobre a crise política no Congresso, Ciro disse que não sente vergonha. “Tenho muita tristeza de testemunhar isso”, afirmou. Para ele, o Senado é “um santuário” da representação popular, e o que está errado é o comportamento dos políticos.
Para ele, é preciso dar novos exemplos na política, que é vista como um “ajuntamento de safados”, em especial pela juventude, e frisou seu bom relacionamento com o povo. “Eu tenho uma relação com o povo que é mais íntima, mais sólida.”
Congresso nota 2
Solicitado a dar uma nota ao Congresso, o deputado federal disse: “Como instituição, nota 10, como prática, nota 2.” Na avaliação do político, o grande problema é a baixa produtividade do Congresso.
Durante a entrevista, o possível candidato ao Planalto criticou ainda a imprensa, afirmando que ela tende a generalizar os políticos como todos iguais. Ele pediu ainda para que a mídia brasileira ajude a população mostrando quem são os bons políticos.
Ciro disse ainda que não acha errado que um político um dia fale mal de um colega e depois se junte a ele. “O política exige isso”, apontou. (UOL NOTÍCIAS)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário