quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Briga por candidatura ao governo racha tucanos

Guerra no ninho tucano. Uma reunião em Brasília ontem, no gabinete do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, só não terminou em pancadaria graças à intervenção do próprio presidente, que a todo momento pedia calma aos presentes. Em discussão, a disputa pela indicação do candidato ao governo do Estado e a presidência regional do PSDB.

Os protagonistas: o grupo partidário do ex-governador Simão Jatene contra o senador Mário Couto, declarado précandidato à sucessão estadual, o senador Flexa Ribeiro, atual presidente da legenda, e o deputado federal Nilson Pinto.

O grupo de tucanos revoltosos, jatenistas liderados pelo deputado federal Zenaldo Coutinho, marcou audiência com o presidente da legenda, Sérgio Guerra, sem comunicar aos demais, incluindo Flexa Ribeiro. Em comitiva, desembarcaram em Brasília os deputados estaduais Ítalo Mácola, José Megale, André Dias, Bosco Gabriel e Manuel Pioneiro.

Juntamente com o deputado federal Wandenkolk Gonçalves, cobraram do presidente da legenda uma posição do partido sobre a sucessão no Pará. A intenção era antecipar a sucessão regional para facilitar a escolha pelo ex-governador Simão Jatene, isolando assim o grupo que defende a candidatura do senador Mário Couto.

Na surdina, o grupo de Simão Jatene não convidou nem Mário Couto, nem Flexa Ribeiro e nem Nilson Pinto, que voou para Brasília ao lado do colega de bancada Zenaldo Coutinho, sem saber que estava sendo armada uma reunião para discutir a sucessão estadual. Os jatenistas entraram, às escondidas, no gabinete de Guerra.

A assessoria do presidente tucano tentou despistar a imprensa. Já acomodado no gabinete de Sérgio Guerra, o grupo de revoltosos foi surpreendido com a entrada de Mário Couto que, bem ao seu estilo, adentrou a sala do colega, tomou assento e defendeu suas ideias.

Em tom de voz exaltado, Couto informou aos presentes que não só ele era candidato, como também o ex-governador Almir Gabriel estava se apresentando como postulante ao posto.

Surpresa geral. Irritados, tucanos começaram a se “bicar” e se exaltar. Os gritos eram ouvidos do lado de fora do gabinete. “Isso é golpe...” gritava uma voz aguda.

“Mas o que vamos falar aos nosso eleitores?”, argumentava outra. “Eles vão cair de pau em cima da gente!”, outro parlamentar interferia. Coube ao mediador Sérgio Guerra pedir calma e trégua ao tucanato paraense.

Após mais de uma hora de discussão, saíram do gabinete, incluindo o próprio Nilson Pinto que, procurando amenizar, justificou o clima como típico da sucessão.

Couto foi o primeiro a falar com a imprensa: “O que fizeram com o Flexa Ribeiro foi um golpe”. Segundo ele, o presidente da legenda se sentiu traído pelos colegas de partido por não ter sido avisado da reunião. “Eu vim porque sou cara-de-pau. Bati na porta e fui entrando”, relatou.

Desconcertado, o deputado estadual Ítalo Mácola se aproximou de Mário Couto, tocou em seus ombros e disse, em tom conciliador: “Não leva a mal não, tá? Não foi traição, não...”.

Couto explicou que ficou definida a data de 25 de outubro para o anúncio da candidatura tucana. Ele anunciou que o ex-governador Almir Gabriel vai passar cinco dias discutindo com ele, em Brasília, a melhor estratégia para o partido seguir nas eleições de 2010. Fez questão de reafirmar que é pré-candidato, mas que a novidade Almir Gabriel é sempre bem-vinda.

A candidatura de Gabriel foi o fator surpresa da reunião. “Não sabíamos, foi uma sur presa saber que ele está chegando em Brasília e que é seu desejo candidatar-se”, revelou Wandenkolk Gonçalves.

Ele antecipou que tudo vai depender de uma pesquisa de opinião que o partido vai realizar em todos os Estados. “Vamos ver quem é o candidato do PSDB que o Pará deseja”, completou Gonçalves.

Quanto à sucessão na presidência regional, Couto foi taxativo: “É uma discussão menor, ficará para ser discutida a posteriori. Não podemos deixar que as questões menores atrapalhem a discussão sobre o lançamento da candidatura ao governo do Estado”.

Mal virou as costas, Couto já estava sendo desmentido por Zenaldo Coutinho: “Ficou acertado com o presidente Sérgio Guerra que, na próxima semana, vamos definir a questão da sucessão regional do partido”, afirmou Coutinho.

Mas isso não perturba o processo de escolha do candidato à eleição estadual? - perguntaram os jornalistas. “Não vou botar a faca no pescoço de ninguém, mas palavra é palavra e vai ter que ser cumprida. O Flexa vai ter que cumprir a palavra”, reforçou Zenaldo. (Diário do Pará)

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