Guerra no ninho tucano. Uma reunião em Brasília ontem, no gabinete do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, só não terminou em pancadaria graças à intervenção do próprio presidente, que a todo momento pedia calma aos presentes. Em discussão, a disputa pela indicação do candidato ao governo do Estado e a presidência regional do PSDB.
Os protagonistas: o grupo partidário do ex-governador Simão Jatene contra o senador Mário Couto, declarado précandidato à sucessão estadual, o senador Flexa Ribeiro, atual presidente da legenda, e o deputado federal Nilson Pinto.
O grupo de tucanos revoltosos, jatenistas liderados pelo deputado federal Zenaldo Coutinho, marcou audiência com o presidente da legenda, Sérgio Guerra, sem comunicar aos demais, incluindo Flexa Ribeiro. Em comitiva, desembarcaram em Brasília os deputados estaduais Ítalo Mácola, José Megale, André Dias, Bosco Gabriel e Manuel Pioneiro.
Juntamente com o deputado federal Wandenkolk Gonçalves, cobraram do presidente da legenda uma posição do partido sobre a sucessão no Pará. A intenção era antecipar a sucessão regional para facilitar a escolha pelo ex-governador Simão Jatene, isolando assim o grupo que defende a candidatura do senador Mário Couto.
Na surdina, o grupo de Simão Jatene não convidou nem Mário Couto, nem Flexa Ribeiro e nem Nilson Pinto, que voou para Brasília ao lado do colega de bancada Zenaldo Coutinho, sem saber que estava sendo armada uma reunião para discutir a sucessão estadual. Os jatenistas entraram, às escondidas, no gabinete de Guerra.
A assessoria do presidente tucano tentou despistar a imprensa. Já acomodado no gabinete de Sérgio Guerra, o grupo de revoltosos foi surpreendido com a entrada de Mário Couto que, bem ao seu estilo, adentrou a sala do colega, tomou assento e defendeu suas ideias.
Em tom de voz exaltado, Couto informou aos presentes que não só ele era candidato, como também o ex-governador Almir Gabriel estava se apresentando como postulante ao posto.
Surpresa geral. Irritados, tucanos começaram a se “bicar” e se exaltar. Os gritos eram ouvidos do lado de fora do gabinete. “Isso é golpe...” gritava uma voz aguda.
“Mas o que vamos falar aos nosso eleitores?”, argumentava outra. “Eles vão cair de pau em cima da gente!”, outro parlamentar interferia. Coube ao mediador Sérgio Guerra pedir calma e trégua ao tucanato paraense.
Após mais de uma hora de discussão, saíram do gabinete, incluindo o próprio Nilson Pinto que, procurando amenizar, justificou o clima como típico da sucessão.
Couto foi o primeiro a falar com a imprensa: “O que fizeram com o Flexa Ribeiro foi um golpe”. Segundo ele, o presidente da legenda se sentiu traído pelos colegas de partido por não ter sido avisado da reunião. “Eu vim porque sou cara-de-pau. Bati na porta e fui entrando”, relatou.
Desconcertado, o deputado estadual Ítalo Mácola se aproximou de Mário Couto, tocou em seus ombros e disse, em tom conciliador: “Não leva a mal não, tá? Não foi traição, não...”.
Couto explicou que ficou definida a data de 25 de outubro para o anúncio da candidatura tucana. Ele anunciou que o ex-governador Almir Gabriel vai passar cinco dias discutindo com ele, em Brasília, a melhor estratégia para o partido seguir nas eleições de 2010. Fez questão de reafirmar que é pré-candidato, mas que a novidade Almir Gabriel é sempre bem-vinda.
A candidatura de Gabriel foi o fator surpresa da reunião. “Não sabíamos, foi uma sur presa saber que ele está chegando em Brasília e que é seu desejo candidatar-se”, revelou Wandenkolk Gonçalves.
Ele antecipou que tudo vai depender de uma pesquisa de opinião que o partido vai realizar em todos os Estados. “Vamos ver quem é o candidato do PSDB que o Pará deseja”, completou Gonçalves.
Quanto à sucessão na presidência regional, Couto foi taxativo: “É uma discussão menor, ficará para ser discutida a posteriori. Não podemos deixar que as questões menores atrapalhem a discussão sobre o lançamento da candidatura ao governo do Estado”.
Mal virou as costas, Couto já estava sendo desmentido por Zenaldo Coutinho: “Ficou acertado com o presidente Sérgio Guerra que, na próxima semana, vamos definir a questão da sucessão regional do partido”, afirmou Coutinho.
Mas isso não perturba o processo de escolha do candidato à eleição estadual? - perguntaram os jornalistas. “Não vou botar a faca no pescoço de ninguém, mas palavra é palavra e vai ter que ser cumprida. O Flexa vai ter que cumprir a palavra”, reforçou Zenaldo. (Diário do Pará)
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário