José Carlos Martins e Sérgio Barroso: Apolo deve entrar em operação em 2014
Com a retomada da demanda por minério de ferro no mercado mundial, que já começa a provocar escassez da matéria-prima, a mineradora Vale decidiu acelerar a implantação de novos projetos em Minas Gerais.
Com a retomada da demanda por minério de ferro no mercado mundial, que já começa a provocar escassez da matéria-prima, a mineradora Vale decidiu acelerar a implantação de novos projetos em Minas Gerais. Nesta sexta-feira (5), a direção da companhia assinou, na sede do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi-MG), protocolo de intenções com o Governo do Estado para formalizar um plano de investimentos de R$ 9,5 bilhões. O projeto vai gerar 9.930 empregos diretos e indiretos durante a construção e 2.200 na fase de operação plena, em 2014. Também vai incrementar a produção de minério de ferro em Minas Gerais em 46 milhões de toneladas por ano, 25% a mais do que o patamar atual. No ano que vem, novo empreendimento do mesmo porte poderá ser anunciado pela mineradora.
O investimento anunciado ontem inclui a implantação da mina de Apolo, antigamente chamada Maquiné-Baú. De acordo com o diretor executivo de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, a mina deverá entrar em operação em 2014. A capacidade de produção inicial será de 24 milhões de toneladas por ano, com potencial de ampliação.
A mina de Apolo será implantada na região dos municípios de Santa Bárbara, Caeté, Rio Acima, Raposos e Barão de Cocais, com orçamento de R$ 4,4 bilhões. A fase de construção vai abrir 70 empregos diretos e 4.100 indiretos. A operação vai empregar 1.449 pessoas diretamente.
Em Apolo serão implantados ainda uma usina de beneficiamento de minério de ferro não aglomerado (sinter feed e pellet feed), oficinas, pilhas de estéril, pátio de produtos, escritórios e outras benfeitorias. O projeto inclui ainda a construção de um ramal ferroviário com 20 quilômetros de extensão. As obras poderão começar ainda em 2010, pois a expectativa do diretor de Projetos de Ferrosos da Vale, Silmar Magalhães Silva, é de que a licença de instalação do empreendimento saia no segundo semestre deste ano.
A Vale também vai construir duas usinas para beneficiamento de itabiritos pobres em minério de ferro. De acordo com Martins, as usinas vão agregar valor a um produto que, hoje, não tem aproveitamento comercial. “Com esses investimentos, vamos transformar esse produto que tem valor zero”, disse.
Conforme Martins, após o beneficiamento, o produto obtido dos itabiritos poderá ser cotado a US$ 60 ou US$ 80 a tonelada. “É agregação infinita de valor. Uma coisa que não valia nada vai gerar empregos, vai gerar impostos para o Estado”, afirmou.
As usinas, batizadas de Conceição-Itabiritos e Vargem Grande-Itabiritos, vão ficar em Itabira e Rio Acima, respectivamente. A primeira terá capacidade de produção de 12 milhões de toneladas por ano. A segunda vai aproveitar os minérios itabiríticos das minas de Abóboras, Tamanduá e Capitão do Mato, com capacidade de 10 milhões de toneladas anuais. Ambas serão implantadas em 2010, com operação em 2012.
Mineradora prepara nova expansão
A Vale poderá ainda anunciar uma nova expansão de 46 milhões de toneladas por ano em 2011, antecipou o diretor executivo de Ferrosos da companhia, José Carlos Martins. De acordo com ele, são analisadas jazidas nas regiões de Serra Azul, Conceição do Mato Dentro, Guanhães, Porteirinha e Salinas.
Martins ressalta ainda que a oferta de minério de ferro de qualidade em Minas Gerais torna o Estado atraente para as indústrias siderúrgicas, que privilegiam aspectos como disponibilidade de matéria-prima e logística. De acordo com o diretor, a Vale participa do projeto da Companhia Siderúrgica do Atlântico, no Rio de Janeiro, e da CSI, nos Estados Unidos. Outros projetos de produção de aço estão em análise no mundo, inclusive em Minas, afirma, sem entrar em detalhes.
Companhia negocia alta de preço
O cenário de crise no setor de minério de ferro de 2009 ficou para trás, o que incentiva a Vale a pressionar por aumento de preços. A política da companhia, de acordo com Martins, é perseguir o preço internacional do minério. Na China, a matéria-prima está cotada em cerca de US$ 100 por tonelada, sem o frete - com o frete, vai para US$ 130. Conforme o executivo, durante a crise, os preços caíram para cerca de US$ 60. Ele, porém, não quis informar qual o percentual de aumento pleiteado pela empresa nas negociações.
A demanda aquecida, contudo, fortalece a posição da Vale nas conversações. “A situação, hoje, é completamente diferente da do ano passado”, compara o executivo.
Conforme Martins, em 2009, a demanda europeia pela matéria-prima caiu a 20%, as siderúrgicas brasileiras abafaram altos-fornos e houve queda das encomendas do Japão, Coreia e Taiwan. Apenas a China manteve a demanda, e o excesso de oferta levou à redução de preços. “Os mercados europeus têm se recuperado fortemente. Coreia, Japão e Taiwan voltaram ao nível pré-crise, e a China está bombando”, afirma.
A previsão da Vale é de que o cenário deverá se manter no médio prazo. “Estamos em período de oferta e demanda muito apertadas”, conclui Martins. (Hoje em Dia)
segunda-feira, 8 de março de 2010
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