O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) quer o apoio do governo na briga entre a Vale e as siderúrgicas europeias na fixação do novo preço do minério de ferro negociado em contratos de longo prazo.
A intenção do presidente da entidade, Paulo Camilo, é aproveitar um encontro amanhã com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, no Senado, para entregar um documento explicando as preocupações do órgão com relação à ameaça da associação das siderúrgicas europeias (Eurofer) de recorrer a órgãos de defesa da concorrência.
“Queremos que o ministério fique atento e acompanhe o assunto de maneira oficial. (…) Acho importante acionar o governo brasileiro na direção da proteção dos interesses do País”, afirmou. Segundo ele, a ameaça da Eurofer tem como objetivo protelar ou impedir o reajuste do minério de ferro, que caminha superar a casa dos 100%.
Na nota que o Ibram pretende encaminhar ao governo, a entidade lembra que o insumo respondeu por cerca de 50% do saldo da balança comercial brasileira em 2009. “O que se tem em jogo é o interesse nacional”, afirmou Camilo. “O dano maior será sobre a balança comercial, a economia brasileira, e não apenas uma empresa.” O presidente do Ibram se preocupa ainda com o impacto nos investimentos do setor.
Para ele, a briga com as siderúrgicas europeias pode desestimular as mineradoras a fazerem novas expansões, comprometendo parte dos US$ 50 bilhões programados até 2014. “Se efetivamente atendêssemos esse pleito da Eurofer estaríamos dando um subsídio a aciarias europeias, o que é, no mínimo, absurdo. Isso criaria uma desvantagem para a indústria siderúrgica brasileira”, disse.
E completou: “Seria uma inconcebível transferência de renda do Brasil para a Europa”. A Eurofer reclama da proposta colocada à mesa pela Vale na negociação deste ano, que propõe uma
mudança na metodologia de formação de preço. A principal mudança se baseia no fato de os reajustes serem trimestrais e com base no preço do insumo no mercado à vista chinês.
Caso a oferta da Vale seja aceita, o reajuste poderia elevar em até 114% a cotação do insumo fixada em 2009 para contratos de longo prazo. No ano passado, ainda por conta dos efeitos da crise internacional, o preço de referência sofreu uma redução de quase 30%. “O que há nesse momento é uma proposta de uma mineradora brasileira, cuja a adesão é livre”, ressaltou o presidente do Ibram.
Camilo afirmou estar “perplexo” com a reação do setor siderúrgico europeu à decisão da Vale de caminhar para um sistema de precificação mais “transparente”, que permita uma calibragem mais fina entre as oscilações de oferta e demanda. “O que se propõe é uma redução das distorções, com a inserção do mercado spot na comercialização do minério de ferro”, concluiu.(Agência Estado)
domingo, 28 de março de 2010
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