quinta-feira, 20 de maio de 2010

Pequenos produtores rurais participam de visita técnica pelo programa Balde Cheio


Um grupo de sete produtores rurais, integrantes do programa Balde Cheio, junto com uma equipe da Secretaria de Produção Rural (Sempror), fez recentemente visita técnica à cidade de Porto Franco, no Maranhão, para vê de perto os resultados do programa desenvolvido naquele município.

A viagem ao Maranhão proporcionou aos produtores parauapebenses troca de experiência e conhecimento do sistema de irrigação de pasto, através do acompanhamento prático das atividades do programa Balde Cheio, realizado no município maranhense.

De acordo com Isaac Monteiro da Cruz, técnico em agropecuária e integrante do programa Leite a Pasto, a visita era necessária, pois uma coisa é falar para os produtores sobre o programa e outra é mostrar o exemplo prático e real da aplicação do programa e de seus respectivos resultados.

“Depois da viagem, acreditei no projeto, porque a gente é igual a São Tomé: precisa ver para crer”, afirma Odalma Afonso de Resende, 65 anos, única mulher produtora rural inscrita no programa Balde Cheio.

De acordo com Odalma, o que mais chamou a atenção dela foi ver o capim sempre verde, pois no Maranhão o clima é muito seco, “por isso eu vi que o processo de irrigação dá certo”.

Atualmente, o programa Balde Cheio atende em Parauapebas sete produtores diretamente, que são classificados com Unidades Demonstrativas (UDs), ou seja, propriedades que são referência nos trabalhos realizados e terão uma atenção especial do apoio técnico.

O objetivo em trabalhar primeiro com as UDs é tentar envolver os demais produtores que ficam em volta das propriedades trabalhadas, através do desenvolvimento de um modelo prático de trabalho, em que eles possam ver de perto e na prática os resultados alcançados com o programa.
Perguntada sobre a expectativa dos resultados do programa, Odalma responde que espera que vá render bastante, “por que lá no Maranhão a gente viu uma vaca que produzia dois litros e depois do programa passou para 8 litros diários”.

O QUE É O PROGRAMA BALDE CHEIO
O programa Balde Cheio, implantado pela Sempror em junho de 2009, através da coordenação do veterinário Cloves Laurindo, é baseado no programa Leite a Pasto, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) em vários estados do país.

Na região Norte, o programa é novo, enquanto que no Pará e Parauapebas desponta como a primeira cidade a implantar o programa, através de uma parceria com a Embrapa, Prefeitura de Parauapebas e Cooper Ideal (uma cooperativa de técnicos preparados pela própria Embrapa para desenvolver apoio técnico aos produtores).

O programa consiste em um conjunto de ações para melhoramento da alimentação das vacas leiteiras, pois, de acordo com Isaac Monteiro, técnico da Sempror, não importa a qualidade genética do animal se ele não tem uma boa alimentação. Para alcançar esse objetivo, é reservado um pedaço da terra, em torne de 1 hectare, e dividido esse espaço em 28 piquetes.

Esses espaços são divididos com cerca elétrica, em virtude dos custos serem menores que a cerca tradicional. Os animais ficam em um piquete por dia. Dessa forma, o pasto do primeiro piquete, por exemplo, tem tempo de ser tratado e trabalhado, para que após 27 dias depois as vacas possam se alimentar novamente com o capim mais fortificado.

Outro fator que contribui para o crescimento saudável do capim é o sistema de irrigação, que faz com que o capim fique bom o ano inteiro, independente de período chuvoso. Porém, como o custo de implantação é muito alto para os pequenos produtores, aproximadamente 6 mil reais, os técnicos oferecem uma solução alternativa, que a produção da capineira, uma reserva de alimento, para ser usada no período seco.

O desafio depois dessas etapas de melhoria do pasto e de manejo dos animais é melhorar a comercialização do produto. Hoje, o litro de leite é vendido pelos produtores em média a R$ 0,50, enquanto que no Maranhão, especificamente na cidade de Porto Franco, a média de vendas chega até a R$ 1,00.

O preço do leite é baixo na cidade de Parauapebas, em virtude da qualidade de produção, mas também tem o fator de transporte, pois os laticínios precisam buscar o produto na porta de cada propriedade. Para minimizar esse problema e melhorar as condições para aumento no preço do produto, a Sempror, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Prefeitura de Parauapebas, implantará quatro tanques de resfriamento de leite, distribuídos em pontos estratégicos.

São várias etapas para conclusão final e surgimento dos resultados esperados. A meta da Sempror é que até 2012 os produtores pioneiros do programa Balde Cheio já alcancem um aumento de 400% na produção leiteira e tenha uma qualidade melhor do leite.

Importante ressaltar também que é um trabalho de parceria: a prefeitura entra com todo o apoio técnico necessário e os produtores com os investimentos para o desenvolvimento do programa. (Karine Gomes)

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