As empresas de mineração foram uma das maiores financiadoras de campanha para a Câmara dos Deputados em 2006, com grande destaque para a maior de todas, a Vale do Rio Doce, que colaborou para a eleição de 46 deputados federais, além de ter feito também a maior doação para a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a segunda maior na campanha presidencial derrotada do tucano Geraldo Alckmin, a mais alta para os governadores eleitos do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB); e Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) e a quinta maior na campanha para o governo paulista de José Serra.
Em caso de vitória petista este ano, a atual diretoria da Vale poderá viver dias agitados. Em fevereiro, ainda na condição de ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, já afirmou em entrevista à revista “Época” que a mineradora Vale necessitaria de mais controle. Era uma sinalização de que a presidenciável não considerava equacionado o mal estar ocorrido no ano passado, quando a empresa foi criticada pelo presidente Lula pouco depois de realizar demissões.
A disposição de relançar a discussão perpassa integrantes da campanha de Dilma. “O problema amainou com a retomada da economia, mas não está resolvido. O dilema continua colocado. De um modo ou outro, o Estado é majoritário na composição acionária da Vale e em um certo sentido a empresa precisa ter postura pública”, afirmou o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, pré-candidato petista ao governo de Minas e um dos articuladores da candidatura presidencial de Dilma.
Em sua estrutura acionária, o fundo de pensão Previ e o BNDES contam com as maiores fatias da Valepar, a empresa que detém o controle da companhia. Os maiores sócios privados na Valepar são o Bradespar e o grupo japonês Mitsui. Segundo afirmou Pimentel, interessa a Dilma propor um “pacto de procedimentos” de modo que a empresa fizesse consultas antes de decisões estratégicas com impacto sobre o ambiente social e político.
“O essencial é que a Vale não pode se orientar tendo em vista apenas o mercado. Ela tem que ser parceira do poder público”, disse. O ex-prefeito afirma que não há, entre os coordenadores da campanha presidencial, nenhuma predisposição contra o presidente da Vale, Roger Agnelli. “Não há qualquer sentimento nem jamais houve manifestação alguma de que a direção da Vale possa ter vínculos com a oposição”, comentou.
O mandato da atual diretoria da Vale encerra-se em 2011. Procurada pelo Valor, a Vale não quis comentar o tema. Por meio de sua assessoria de imprensa, reenviou a nota que divulgara quando tornou-se público o volume de suas doações às campanhas eleitorais, há quatro anos: “As doações para campanhas políticas fazem parte do processo de fortalecimento das instituições democráticas brasileiras. Todas as doações da Vale são feitas rigorosamente de acordo com a legislação eleitoral, devidamente registradas e atendendo a um amplo espectro de partidos políticos”. (CF)
(Notícias Mineração)
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