Paramaribo (AE) - Um avião da Força Aérea Brasília (FAB) resgatou ontem 33 brasileiros que estavam em Albina, cidade a 150 quilômetros da capital do Suriname, no último dia 24, quando um grupo de “maroons”, os quilombolas que vivem na região, atacaram garimpeiros e brasileiros que trabalhavam na cidade. Mas muitos dos que partiram ontem avisaram que voltarão ao Suriname assim que a situação se normalizar no País. Os garimpeiros e outros brasileiros que viviam indiretamente do dinheiro do garimpo em Albina afirmam que é melhor retomar a vida no Suriname do que buscar trabalho no Brasil. Eles afirmam, por exemplo, que conseguem, em um mês, tirar US$ 1.200 no garimpo - sem precisar pagar impostos - enquanto no Brasil, com o baixo nível de escolaridade e a falta de oportunidades recebem por volta de R$ 400 a R$ 500
Reginaldo Rodrigues confirmou que está viajando para tirar novos documentos no Brasil. Na fuga de Albina, Reginaldo Rodrigues deixou todos os seus papéis para trás. “Vou tirar esses documentos e vou voltar. O salário no Brasil é muito baixo”, justificou. “Aqui nós temos uma casa alugada e mobiliada. Nós vivemos bem”, disse Rodrigues, que é casado com uma mulher que também trabalha no garimpo.
Mesmo quem está indo para o Brasil com a ideia de não voltar ao Suriname, admite a possibilidade de mudar os planos no futuro, o que dependerá das dificuldades que vier a encontrar no Brasil. “Sempre a gente diz que não vai voltar, mas quando a situação aperta, nós estamos aqui de novo”, afirmou Valdecir Santos de Sousa. “Todo ano é a mesma coisa. Alguns vão para o Brasil dizendo que não voltam mais e no outro ano está todo mundo aqui de novo”, criticou Carlos Gonçalves, há oito anos trabalhando com o garimpo no Suriname.
Funcionários da Embaixada do Brasil reconhecem que o retorno dos brasileiros é inevitável. Argumentam que não podem impedi-los de voltar ao Suriname. Inicialmente a Embaixada estimava que vinte brasileiros se disporiam a retornar ao Brasil no voo da FAB, mas diplomatas que estão no País fizeram peregrinação pelos hotéis em que estão hospedados as vítimas do ataque em Albina na tentativa de convencê-los a voltar para o Brasil. O voo da FAB de ontem foi o segundo a levar para o Brasil as vítimas do ataque em Albina.
Na segunda-feira, um avião da FAB levou para Belém cinco garimpeiros. Com esse novo voo, 38 vítimas do ataque a garimpeiros já voltaram ao Brasil. A maioria das vítimas, porém, permanece em Paramaribo. No total, mais de 100 vítimas foram atendidas com o auxílio da Embaixada brasileira. (Tribuna do Norte)
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
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