sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Vale conta com correlação histórica e dois propulsores para esticar sua alta a 2010

SÃO PAULO – O case da Vale é bem definido. Com um dos betas mais próximos de 1,00* dentre as ações que compõem o Ibovespa , as ações da mineradora resumem a história de recuperação do índice em 2009. E para 2010 não é diferente.

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As recomendações de investimento para a Vale ao longo deste ano falavam em certeza de alta aos papéis, até porque se trata de um dos ativos mais líquidos do mercado doméstico. Ou seja, quando a crise estourou na segunda metade de 2008, a fuga de estrangeiros e esta correlação histórica com o índice penalizaram a ação da Vale de forma severa. Quando o cenário melhorou e o fluxo de estrangeiros voltou, as ações inevitavelmente responderam à altura.

Grosso modo, o discurso dos analistas durante 2009 foi de “compre antes que seja tarde demais” – para se aproveitar da esperada trajetória de recuperação. Já no fim do ano, a valorização acumulada pelos ativos (de 78% até esta quarta-feira) pode afugentar a muitos. Mas basta lembrar da “correlação histórica” para verificar que as apostas são positivas para a ação da mineradora em 2010.

Propulsores
Antes de tudo, cabe lembrar que o cálculo do beta da ação da Vale esconde forte correlação entre as variáveis explicativa e dependente, até porque os papéis VALE5 e VALE3 , juntos, respondem a aproximadamente 17% de peso na carteira teórica do índice. Mas supondo apenas que a Vale não proporcione outros drivers para o investidor, e apenas siga o ritmo do Ibovespa, como costuma fazer. Sendo assim, as projeções predominantes para o índice nos 80 mil pontos no fim de 2010 já sugerem um potencial de valorização em torno de 18% para os papéis da mineradora.

No entanto, as perspectivas vão além. Os dois principais propulsores da ação da Vale estão presentes nos modelos de projeção para 2010: preço do minério de ferro e volume de vendas. Tratando da primeira questão, após o declínio dos preços e flexibilização dos contratos de fornecimento este ano, a rodada de negociações de preços de 2010 começa pesando para o lado das mineradoras contra as siderúrgicas.

A aposta predominante ** entre os analistas é de um aumento entre 15% e 20% nos preços da matéria-prima. Por outro lado, 2009 ensinou que não há prazo estipulado nem garantia de que o modelo benchmark de preços siga vivo. Depois do impasse nas negociações este ano, o mercado não deve esperar um anúncio de reajuste com hora marcada para fevereiro ou início de março, como nos anos anteriores.

Mais receita
Para a Vale, além do aumento de preços, há ainda a projeções de maior volume de vendas em 2010. Isso porque as minas chinesas operam próximas de plena capacidade, enquanto o mercado doméstico vê pela frente perspectivas de crescimento em torno de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, além de PAC, Olimpíadas, Copa...

Tudo isso somado às altas taxas de crescimento da economia chinesa. No negócio de minério de ferro da Vale, a China corresponde a cerca de 36% das vendas da companhia, enquanto o mercado doméstico leva aproximadamente 16%.

Para se ter uma ideia, a equipe de análise da Itaú Corretora projeta que as receitas em dólares da companhia atinjam US$ 34,5 bilhões em 2010, frente a uma projeção de US$ 23,9 bilhões em 2009.

Real contra
“Esperamos que em 2010 a Vale reporte receitas e margens operacionais maiores, comparativamente a 2009, em função da melhora esperada de preço e volume de vendas de minério de ferro. Contudo, esses efeitos serão parcialmente anulados pelo impacto negativo da apreciação do Real”, resume a Fator, em seu Book de Perspectivas para o próximo ano.

Apesar da expectativa de maior volume de vendas e aumento dos preços, sempre é bom ponderar que estas projeções serão impactadas pelo câmbio. Como qualquer suposição sobre o rumo do real durante 2010 ainda parece sujeita a reinterpretações, o ideal não parece partir de projeções pontuais, mas do entendimento deste impacto. Na estrutura operacional da Vale, cerca de 95% das receitas são em dólares, enquanto aproximadamente 55% dos custos são atrelados à moeda brasileira. Qualquer proposição sobre a relação da mineradora com as variações do câmbio passa por esta máxima.

*beta(x) da ação igual a 1,0, segundo metodologia de cálculo da Fator Corretora
índice de volatilidade anualizada da BM&F Bovespa em 42,50, com 0,026 de desvio padrão - "valor observado no período em referência calculado em bases anuais (volatilidade do período x v252), sendo que 252 é o total de dias úteis em um ano"
(Yahoo Notícias)

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