São Paulo — Numa época em que já estão praticamente definidas todas as pré-candidaturas nos maiores colégios eleitorais do país, uma figura polêmica do cenário político nacional ainda está sem rumo em relação às eleições de 2010. O deputado Ciro Gomes (PPS-CE) ainda não decidiu se mantém a pré-candidatura ao Palácio do Planalto, contrariando a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou se atende ao apelo do petista e concorre ao governo de São Paulo. Nos bastidores do PT e do PSB corre a informação, de que ninguém assume publicamente, que essa indecisão vai fazer com que Ciro fique sem uma coisa nem outra. É possível que ele saia de cena com um ministério no último ano do governo Lula.
A última pesquisa CNI/Ibope mostrou Ciro com 13% de intenção de voto, atrás do governador de São Paulo José Serra (PSDB), que tem 38%, e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (17%), a preferida de Lula. Recentemente, o deputado cearense afirmou que fará tudo o que puder para não ser candidato a governador de São Paulo. “Não é meu plano, não é meu projeto. Considero estranha essa candidatura”, ressaltou num programa de rádio. Depois de ouvir essa declaração, Lula disse a interlocutores que o PT deverá sair com Aloizio Mercadante ou mesmo Marta Suplicy. Ambos vêm se saindo bem em pesquisas internas.
O maior problema da resistência de Ciro em concorrer ao governo de São Paulo é o tempo. Se ele já tivesse batido o martelo com o PT, sua pré-campanha já deveria estar nas ruas. O único movimento concreto que o deputado fez até agora foi mudar o domicílio eleitoral do seu título de eleitor do Ceará para São Paulo. “Mesmo que ele aceite mais tarde ser candidato ao governo paulista, sua campanha já começará com problemas, porque ele declarou publicamente várias vezes que não é esse o seu desejo. Seus adversários usarão isso contra ele”, avalia Roberto Gambini, professor de marketing político da Universidade de Campinas (Unicamp).
Nos bastidores, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) é o maior defensor de que Ciro deixe a corrida ao governo de São Paulo, já que não é de sua vontade concorrer. O petista chegou a criar uma crise no PT paulista ao dizer publicamente que o político cearense nada tem a ver com São Paulo, apesar de ter nascido no município de Pindamonhangaba.
Ex-ministro da Integração Nacional de Lula, Ciro é um dos maiores críticos da relação de amor criada entre o PT e o PMDB, que serve de alicerce para a candidatura de Dilma Rousseff.
Apelo
Já o presidente Lula disse recentemente que fará um apelo para que Ciro retire sua candidatura e que pretende ter uma conversa pessoal com o deputado, já que a pré-candidatura dele compromete o projeto de eleger Dilma. É provável que essa conversa ocorra só depois do carnaval, já que em março vencerá o prazo de desincompatibilização para os integrantes do governo. “Tenho muita consideração pelo Ciro por causa da sua lealdade. Mas é claro que, se ele entender que deve ser candidato, eu jamais me oporia”, ponderou. (Correio Braziliense)
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