RIO - Durante encontro com a mãe na quinta-feira, após 18 anos de separação, Jaycee Lee Dugard, 29 anos, raptada por Philip Garrido quando tinha apenas 11 anos, perto da sua casa, em Lake Tahoe, na Califórnia, disse sentir-se "culpada pelo vínculo" mantido com seu sequestrador, afirmou nesta sexta-feira o padrasto, Carl Probyn, à rede americana NBC.
O encontro entre mãe e filha foi marcado por muita felicidade, mas também por tristeza, ao se descobrir que a menina passou maior parte de sua vida como uma espécie de escrava. Participaram do encontro Jaycee, as duas filhas, a irmã, a mãe e um outro membro da família.
- Eu nunca esperei por isso. É um milagre muito grande tê-la de volta, e viva. E ela está bastante saudável. Minha mulher disse que ela está muito parecida com quando foi raptada - disse o padrasto que, por ter sido a última pessoa a ver a enteada antes do desaparecimento, ficou sob suspeita do FBI, a polícia federal americana, por algum tempo.
- Ela estava em bom estado de saúde, mas viver num jardim pelos últimos 18 anos de fato deixa suas marcas - acrescentou o delegado Fred Kollar.
Probyn, de 60 anos, disse que o rapto de Jaycee destruiu seu casamento. "Éramos felizes", afirmou em entrevista à NBC. Ele disse à CNN esperar que Jaycee e as meninas voltem para o sul da Califórnia, onde a família mora. Mas não deixou claro se isso vai acontecer e quando poderia acontecer. Quanto a Garrido, o raptor, Probyn disse querer que ele passe o resto de sua vida atrás das grades.
Jaycee foi raptada no dia 10 de junho de 1991 quando ia para a escola. O padrasto estava na varanda e viu, quando um carro cinza parou e a menina foi levada. Ele tentou seguir o carro de bicicleta, mas foi em vão.
Os 18 anos seguintes, ela passou a pouco menos de 270 quilômetros da casa onde vivia, na cidade de Antioch, também na Califórnia.
Exames de DNA confirmaram que Garrido, além de raptar Jaycee, teve duas filhas com ela. A primeira nasceu quando Jaycee tinha apenas 14 anos. As meninas agora estão com 11 e 15 anos.
A polícia disse que Jaycee e as duas filhas instalações rústicas montadas no quintal dos fundos da casa do raptor, que era escondido por uma cerca de dois metros de altura e árvores altas. Um dos abrigos era à prova de som e só abria pelo lado de fora. Elas recebiam eletricidade por extensões e tinham um chuveiro a sua disposição.
- Elas viviam isoladas, nunca foram para a escola, ao médico - disse Kollar.
A polícia conhecia a casa, fazia visitas frequentes ao morador, Phillip Garrido, um homem de 58 anos condenado duas vezes, por sequestro e estupro, e que cumpria liberdade condicional. Mas os policiais nunca tinham suspeitado do cativeiro, nos fundos.
Até que a polícia recebeu a denúncia de que Garrido tinha sido visto com comportamento estranho, distribuindo folhetos religiosos, com duas crianças, no campus da Universidade da Califórnia, em Berkley. Ele não podia andar com menores de idade por causa da condenação por estupro.
Garrido foi chamado para depor. Levou a mulher, Nancy, de 54 anos, as filhas e uma outra mulher, de 29 anos, que ele chamava de Alissa. Pressionado pela polícia, acabou revelando: Alissa, na verdade, era Jaycee. E além do rapto, ele confessou que teve duas filhas com ela.
Garrido e a mulher estão presos. Em uma entrevista pelo telefone a uma emissora local da NBC em Sacramento, ele disse que sua vida mudou muito depois do rapto.
- Esperem até vocês ouvirem a história do que aconteceu nessa casa. Vocês ficarão completamente impressionados. Foi uma coisa terrível que aconteceu comigo no início. Mas dei uma grande virada na minha vida e, para conseguir entender isso, tem que começar desde lá. Se analisarem cada momento, vocês cairão para trás e, no final, conhecerão a mais afetuosa história. (O Globo)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário