AGÊNCIA DIAP:
Três vezes prefeito da capital fluminense e até então favorito para uma das vagas do Rio no Senado, Cesar Maia (DEM) foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (PT). Um dos líderes da tropa de choque oposicionista no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM) amarga agora o terceiro lugar na briga por um dos postos amazonenses na Casa.
Ex-vice do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Marco Maciel (DEM-PE) namora a terceira colocação. Um dos mais duros opositores do governo federal, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) está em quarto lugar. Embora de estados distantes entre si, os quatro enfrentam o mesmo adversário: a "onda vermelha" liderada pela coligação da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência.
"Há uma convergência de fatores contra a oposição: a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a estabilidade macroeconômica, a ampla coalizão política de apoio a Dilma e palanques fortes nos estados", explicou o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), cientista político Geraldo Tadeu Monteiro.
Maia, que começou a disputa dividindo a liderança com Marcelo Crivella (PRB), agora luta para não cair para o quarto lugar. A disputa começou com pelo menos quatro candidatos fortes: além do ex-prefeito da capital e de Lindberg - que se elegera duas vezes prefeito na Baixada Fluminense - brigam pela eleição o presidente licenciado da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), e o próprio Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), forte entres os evangélicos.
O petista e o peemedebista têm uma vantagem: integram a coligação local, liderada pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), cujos índices de intenção de voto beiram 60%. Crivella tem apoio de Lula, mas não tem aliança, perdendo tempo de TV e volume de campanha de rua. E Maia apoia o candidato a governador Fernando Gabeira (PV), que não chega a 20%.
"A eleição para o Senado é casada", disse Monteiro. "Um bom candidato a governador ou a presidente puxa para cima o candidato a senador." Na última pesquisa Datafolha, Maia ficou com 29%, contra 40% para Crivella e 36% para o petista. Picciani apareceu com 22%.
Vermelhos e azuis
No Amazonas, Arthur Virgílio perdeu o segundo lugar na disputa pelo Senado para Vanessa Grazziotin (PCdoB), segundo pesquisa Ibope divulgada na última segunda-feira. Vanessa chegou a 39%, contra 34% do tucano, em um quadro de empate técnico - a liderança é do ex-governador Eduardo Braga, com 80%.
Na tentativa de sobreviver, Virgílio já disse querer o voto de "vermelhos e azuis" e tentou se descolar do presidenciável de seu partido, José Serra. Não adiantou muito: adversários lembraram o episódio em que, há cinco anos, em meio a escândalos que atingiam o governo federal, o senador, conhecido por suas declarações inusitadas, ameaçou "dar uma surra" no presidente Lula, muito popular no estado.
Mais discreto, o senador Marco Maciel, com uma eleição tranquila em 2002 em Pernambuco, agora vê que é concreta a ameaça de não se reeleger. Maciel largou na frente, mas foi ultrapassado nas pesquisas pelo petista Humberto Costa, que, de acordo com o último Datafolha, tem 44%. Maciel tem 32% e Armando Monteiro Neto (PTB), em ascensão, 30%.
Como a margem de erro é três pontos porcentuais, Maciel e Monteiro estão em empate técnico. Mesmo assim, o senador "demo" parece cada vez mais ameaçado pelo petebista.
Heráclito Fortes está pior: pesquisa do Instituto Amostragem o coloca em quarto (23,04%), atrás de Wellington Dias (PT, com 61,65%), Mão Santa (PSC, 32,63%) e Ciro Nogueira (PP, 25,24%).
Tasso
Para o cientista político do IBPS, o mau desempenho na disputa para o Senado se dá em um quadro mais amplo de recuo nos votos oposicionista. "Acho que vamos assistir a uma vitória esmagadora dos partidos da coalizão do governo", disse. "PSDB e DEM ficarão restritos a poucos Estados".
Senador de vários mandatos e áspero crítico do governo Lula, Tasso Jereissati (PSDB-CE) ainda lidera, mas caiu quatro pontos na última pesquisa Datafolha. Na briga pelo segundo, estão Eunício Oliveira (PMDB), com 34%, e José Pimentel (PT), com 31%.
Mesmo Jereissati, porém, depende em parte do prestígio governista: tem a ajuda do grupo político de Ciro Gomes, irmão do governador Cid Gomes (PSB), que apoia Dilma.
(Fonte: O Estado de S.Paulo)
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