sexta-feira, 24 de julho de 2009

Supercâmera vigiará do espaço focos de desmatamento na Amazônia

SÃO PAULO - Uma supercâmera capaz de enxergar objetos de até 20 metros de tamanho passará a vigiar a Amazônia do espaço a partir de 2011. A câmera ficará a bordo de satélites que voam a 778 quilômetros de altura, dão uma volta completa pela terra em cerca de 100 minutos. O objetivo desse 'vigilante eletrônico' é encontrar focos de desmatamento na região. A câmera acaba de ser entregue ao Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e foi fabricada em São Carlos em São Paulo. Seu nome é MUX e ela ficará num satélite desenvolvido pelo Brasil em parceria com a China.

- O equipamento pesa cerca de 120 quilos e está preparado para enxergar objetos de até 20 metros de tamanho. Os satélites que levarão a câmera voam a 778 quilômetros de altura e dão a volta ao redor da Terra em mais ou menos 100 minutos. Dentro dos satélites vão quatro câmeras, duas brasileiras e duas chinesas - explica Mario Quintino, coordenador-geral de Engenharia e Tecnologia Espacial do Inpe.

Uma das funções da lente será fotografar a Amazônia para gerar relatórios de desmatamento. Uma vez por mês, o Inpe publica um alerta com os pontos críticos de devastação na região. Anualmente, o instituto também lança um balanço com a medição de todo o desmatamento ocorrido durante 12 meses.

Segundo Quintino, a câmera MUX é o equipamento espacial mais avançado já produzido no Brasil. Como vai a bordo de um satélite, a câmera não pode ser semelhante a um equipamento comum, usado por fotógrafos.

- Ela é grande porque tem que ter confiabilidade. Se falhar alguma coisa, tem que haver algo que supra essa função automaticamente. Por ser um instrumento que voa em satélite, não é possível fazer manutenção - diz o engenheiro do Inpe.

A câmera equipará os novos satélites do programa CBERS (sigla para "China-Brazil Earth Resources Satellite", ou, em português, "Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres"). Por meio desse projeto, o Brasil já lançou três satélites: CBERS 1, 2 e 2B, o último atualmente em operação.

Os CBERS 3 e 4 devem ser colocados em órbita em 2011 e 2014.

- Nos três primeiros satélites, a divisão do trabalho era 70% chinesa e 30% brasileira. O programa cresceu favoravelmente a nós. Hoje, a divisão de trabalho é de 50% para cada lado - informa Quintino.

As imagens captadas pelos equipamentos sino-brasileiros são livres - uma atitude pioneira tomada pelo Inpe e que agora é seguida por outros países, como os Estados Unidos. O download das fotografias espaciais pode ser feito a partir do site do instituto.

Fonte: Globo Amazônia

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