quinta-feira, 22 de março de 2012

POLÍTICA É ISSO MESMO

01) Final dos anos oitenta a política esquentava e o município de Lagoa Salgada fervia, literalmente. As famílias Justino e Queiroz se digladiavam pelo poder. O "Tamborete" - Geraldo Melo - querido por uns, criticado por outros, chegava à cidade para um grande comício. Coincidência ou não, a energia faltou em todo quarteirão, na hora em que anunciaram o discurso de Geraldo. Foi grande o vexame e logo alguém lembrou: "Vá buscar Zequinha eletricista para ligar o gerador! Depressa gente!". Geraldo temperou a garganta e falou para a multidão: "Não precisa ir buscar ninguém! Eu vou falar sem microfone. Sem porra nenhuma!! Agora, que venha aquele que tem um (?) mais do que eu e corte as energias das minhas cordas vocais!". Falou e foi ouvido.

02) Na campanha de sessenta, nasceu a idéia da bandeira gigante no pico da serra do Cabugi. Numa manhã de domingo, um grande número de eleitores da Cruzada da Esperança se fez presente no pé da serra. Mas, apenas quinze pessoas subiram levando a bandeira e um enorme mastro. O então deputado estadual Garibaldi Alves (pai), comandava a caravana, porém sequer desceu do carro, vez que estava com a perna direita engessada. Um vereador bacurau teve uma idéia de puxa-saco. "Deputado, seu suplente está ali. Ele se prontificou em levar o senhor nas costas, serra acima. O senhor topa?". Garibaldi riu, e atenuou: "Meu filho, o Cabugi, mede setecentos e dez metros acima do nível do mar! Esse rapaz tá querendo é minha cadeira. É só "escorregar" e me jogar de penhasco abaixo. Diga a ele, que eu trouxe um binóculo, e vou acompanhar a operação daqui. Aluízio vai entender. Ficar aqui, já é um sacrifício. Além do mais, seguro morreu de velho".

03) O prefeito Arcelino Costa Leitão, em sessão solene, inaugurava o Espaço Cultural Assuense. Para maior brilho, foi convidado o advogado, poeta e escritor, João Celso, para a dissertação inaugural. Era tardinha e aproveitando o quadro natural, o poeta versejou: "Faço minhas as palavras do grande José de Alencar: "A tarde ia morrendo; O sol declinava no horizonte, tingido com seus últimos raios o verde alcatifa do ocaso...". Nisso, Costa que não sabia bulhufas de literatura, baixou a cabeça, chorando. Abrahão, o capacho número um, preocupou-se e cochichou: "Seu Costa, o senhor está sentindo alguma coisa? O senhor está bem?". "Tô, Abrahão, é que ele falou na "catifa do caso", aí me veio a lembrança dum namoro que eu tive com uma galega que eu a chamava de "Catifa" nas horas das camaradagens. Êta mulé reboculosa! Ela era daquelas que "chorava no tronco da cajarana"! Era boa pra "piula"". É o que acontece quando a poesia aflora em meio ao folclore popular.

04) Depois de anos a fio ralando o bumbum no Banco do Brasil, o velho Domício ingressou na política como vereador em Assu. Antes, porém, procurou seus direitos rumo à aposentadoria. No INSS foi um drama. O funcionário pediu vários documentos e os tais foram apresentados pelo vereador. O moço depois de examinar um por um, disse: "O senhor venha na próxima semana, pois quem assina, não chegou e eu não sei se virá hoje". Domício explicou-se: "Rapaz, eu estou com setenta e dois dias de férias e licença, vim aqui para resolver isso. Só tenho isso pra fazer. Caso eu não perturbe, vou me sentar nesse banco, até de tarde, até amanhã, até esse seu chefe aparecer. Segundo estou notando, você e esse outro, são dois grandessíssimos fdp. Eu achava que sacanas, só tinha na política! Me enganei. Ligue para esse filho de uma égua que eu só saio daqui quando ele chegar!". Nisso, o dito cujo ia adentrando na sala e ouviu os protestos e os "elogios". Abriu uma gaveta, carimbou e assinou duas folhas de papel e finalizou: "Pronto senhor, o senhor já está aposentado". (Fonte: Jornal Metropolitano).

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