terça-feira, 19 de outubro de 2010

Niemeyer e Chico Buarque estrelam ato de Dilma com artistas

No Rio de Janeiro, a candidata petista à presidência, Dilma Rousseff, mobilizou a mais expressiva manifestação de artistas e intelectuais à sua campanha, na noite desta segunda-feira (18). O ato político se destacou pela presença de Chico Buarque, Oscar Niemeyer, Leonardo Boff, Alceu Valença e José Celso Martinez, signatários de um manifesto pró-PT. O teatro Casa Grande, no Leblon, ficou repleto e, no lado de fora, o público precisou ser contido, para não extrapolar a capacidade da casa.

"Minha função aqui é ser papagaio de pirata, tirar foto com a Dilma. E reiterar meu apoio por essa mulher de fibra, que já passou por tudo, não tem medo de nada", afirmou Chico Buarque. O compositor acrescentou que aprova o governo Lula por "não cortejar os poderosos de sempre". "Ele fala de igual pra igual. Não fala fino com Washington nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai. Por isso mesmo, é ouvido e respeitado no mundo inteiro, como nunca antes na história deste País!", brincou Chico no rápido discurso, citando o mantra de Lula.

Numa cadeira de rodas, Niemeyer permaneceu no evento até o fim, e foi cumprimentado duas vezes por Dilma. A plateia o recebeu de pé, aos gritos de: "Oscar! Oscar! Oscar! Oscar!". Mais aclamado que a própria candidata. O frei Leonardo Boff, ex-apoiador de Marina Silva (PV), assumiu a tribuna como principal orador. Segundo Boff, Lula "fez a passagem de um Estado elitista e privatista para um Estado republicano".

Entre os presentes, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Otto, Marilena Chauí, Ziraldo, Eric Nepomuceno, Fernando Morais, Márcio Thomaz Bastos, Beth Carvalho, Michel Temer, o governador Jaques Wagner (PT-BA), o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, Wagner Tiso, Cristina Pereira, Alcione, Margareth Menezes, Jonas Bloch, Lia de Itamaracá, o ministro da Cultura Juca Ferreira, Emir Sader, Chico César, Antonio Pitanga, Hugo Carvana, Dira Paes, Sílvia Buarque, Domingos de Oliveira, João Pedro Stédile, o presidente do PT José Eduardo Dutra, entre outros.

O músico Zeca Pagodinho encaminhou uma mensagem aos presentes, defendendo a continuidade do governo Lula. A cantora Beth Carvalho puxou uma adaptação do samba de Serginho Meriti, "Deixa a vida me levar", conhecida na voz de Pagodinho: "Deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu, deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu...".

Inflamada e cheia de gestos, a professora de filosofia Marilena Chauí levou ao púlpito um santinho de José Serra (PSDB) com os dizeres bíblicos "Jesus é a verdade e a vida". "Isso é obsceno. É religiosamente obsceno. É politicamente obsceno... É uma violência contra o ecumenismo religioso", atacou Marilena.

Última a falar, Dilma fez a defesa dos programas sociais turbinados por Lula e ressaltou o risco de privatização do pré-sal, caso o PSDB saio vitorioso. "Vejo aqui uma parte da minha vida, as músicas da minha juventude e da idade adulta. Com Chico (Buarque) e todos eles. Eu me formei na vida perdendo. Mas, ao mesmo tempo, perdendo e ganhando. Eu tenho muito orgulho de minhas derrotas, porque foram boas derrotas", declarou Dilma, num longo discurso.

Ela aproveitou a presença de alguns dos principais artistas brasileiros para mudar o viés religioso de sua campanha. "Não queremos o Estado apropriado por nenhuma crença, nenhuma religião... O Estado e a democracia que nós pregamos não pode entrar na vida privada das pessoas", defendeu. Ao citar as religiões (budismo, catolicismo, etc.), ouviu da plateia: "Ateus!". "E os ateus, os judeus...", incorporou a petista.

No trecho mais aplaudido, Dilma sentenciou: "Ninguém respeita quem deixa parte do seu povo na miséria. Pode ser intelectual, mas se não tirar seu povo da miséria, ninguém respeita!".

Nos bastidores, houve gravações de depoimentos para serem exibidos no programa eleitoral da TV, dirigidos pelo marqueteiro João Santana Filho. Uma parte das declarações de voto já foi publicada no site oficial da candidata. (Terra)

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