quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Lixão se transforma em aterro controlado e vira modelo para o estado

Projeto serve de piloto e vai ser adotado em outros municípios paraenses.

Urubus, insetos, sujeira pra todo lado. Se essa é a idéia que você faz de um aterro, é melhor começar a rever seus conceitos. Em Marabá, no Sudeste do estado, a realidade é bem diferente. Com uma população que ultrapassa a casa dos 200 mil habitantes, e em franca expansão devido à instalação de uma nova siderúrgica e outros projetos de infraestrutura, o município produz cerca de 130 toneladas de resíduos sólidos por dia. Até o começo do ano, todo esse lixo era depositado em área localizada em uma estrada vicinal, a pouco mais de 4 km da rodovia PA-150. A decomposição do material orgânico atraía urubus, o que representava um sério risco, já que o terreno fica próximo ao aeroporto da cidade.

"Quando eu assumi a prefeitura, essa área era um problema", conta Maurino Magalhães, prefeito de Marabá. "Havia mais de oito mil urubus rondando por aí". A partir de uma parceria entre a Prefeitura Municipal e a Fundação Vale, que investiu R$ 593,6 mil para contratação de empresa especializada, foi realizado um diagnóstico do sistema de limpeza urbana e um projeto para readequação e implantação do aterro.

Agora o lixo passa pelas etapas de compactação, drenagem do chorume - aquele líquido que é liberado na decomposição da matéria - e cobertura de terra. "Ainda não é um aterro sanitário", diz Bárbara Fechter, bióloga e consultora de sustentabilidade da Fundação Vale, "porque ainda não estamos tratando o chorume, nem os gases emitidos por esse lixo. Pode-se chamar de aterro controlado. Mas implantar essas outras etapas é a nossa meta e faz parte do projeto original", afirma.

Mesmo sem o projeto concluído, o local já é outro. Não há lixo à vista, o terreno é plano e os urubus voaram para longe. Mas para chegar à solução, foi realizado um estudo que mapeou toda a cidade, identificando, por exemplo, quantos caminhões operam na coleta e qual a periodicidade do trabalho. "Depois, foi engenharia pura", diz Bárbara. "A obra de um aterro é contínua e funciona 24 horas". Além disso, é preciso treinar os funcionários, pois o cuidado é necessário até na hora de o caminhão descarregar o que foi coletado. Por isso, cerca de 500 funcionários da limpeza urbana serão capacitados no próximo ano e outros 16 que trabalham no aterro já estão recebendo cursos de capacitação, com duração de um ano.

O projeto, considerado piloto, já serve de inspiração para iniciativas semelhantes que serão implantadas em Ourilândia do Norte e Tucumã, municípios vizinhos também no sudeste do estado. A intenção é que as cidades compartilhem a gestão de um mesmo aterro, que atenderia a população de ambas. A capacitação de mão-de-obra seria realizada em parceria com as Estações Conhecimento, outro projeto da Vale que já funciona na região, e oferece, além de cursos profissionalizantes, aulas gratuitas de esporte e atividades culturais para a população local. Atualmente, o novo projeto está em fase de licenciamento pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Stephania Amorim (Gaby Comunicação)

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